A pareidolia é um evento em que uma coisa aleatória e vaga acaba sendo percebida pelo indivíduo como algo distinto e com significado, ou seja, um fenômeno no qual pessoas reconhecem imagens que lhes são familiares em locais onde elas, simplesmente, não existem. A culpa é do cérebro, que é programado para procurar e reconhecer padrões que ou sejam prazerosos, ou favoreçam a sobrevivência, ou ponham a existência em risco.
São ocorrências de pareidolia, a exemplos, ver o cachorrinho de estimação da infância numa nuvem, ou o perfil da avó que nos fazia bolinhos de chuva; distinguir a face de Cristo, ou a imagem da Virgem Maria, num nó da madeira, na fumaça de um incêndio, numa mancha de mofo na parede; visualizar a silhueta do capeta, um fantasma, um monstro, uma assombração na sombra projetada por uma cortina esvoaçante, por um galho de uma árvore, por um gatinho que salta de um telhado a outro numa noite de lua cheia.
A grosso modo, pelas minhas observações, ora sóbrias, ora ébrias, mas, de qualquer forma, nunca confiáveis, são três as classes mais recorrentes de pareidolia. A que evoca recordações que nos são caras e preciosas, sobretudo as lembranças da infância - o bichinho de estimação, a vovó, os peitões da babá (eu já vi belos pares de peitos em nuvens); a de natureza místico-religiosa - a da cara do Cristo e/ou do manto sagrado da Virgem -, que parece ser a mais frequente e que podemos considerar uma dupla pareidolia, uma ilusão visual que dá ao seu observador a ilusão de que ele é uma espécie de ser abençoado, iluminado, afinal, muitos antes dele passaram por aquela vidraça trincada e não viram o claro rosto do Nazareno, ele se sente como se o próprio Cristo o tivesse escolhido para revelar-se na forma de uma mancha de óleo, de um nuggets mordido, nas pintas de uma banana nanica ou no cu de um cachorro; e, por fim, a que traduz nossos medos inconscientes e nossas paranoias - fantasmas, monstros e assombrações?
Não! Donald Trump!
Depois da eleição de Donald Trump a presidente dos EUA, os casos de pareidolia envolvendo o topete mais poderoso do planeta dispararam. Trump está prestes a desbancar o Cristo e a Virgem Maria, campeões absolutos na modalidade delírio coletivo.
A obsessão e o cagaço pela figura de Trump estão fazendo com que o chefe da Casa Branca esteja sendo visto nas situações mais inusitadas, ao redor de todo o planeta.
Donald Trump já foi visto na cara de um peixe, o blobfish, o peixe-bolha australiano,
Na cara de um outro peixe, o Cowfish, o peixe-vaca do Atlântico,
Nas cerdas venenosas da lagarta peluda peruana,
Na loura cabeleira de um nobre habitante do corn belt americano,
E, a minha preferida, no majestade faisão-dourado da Ásia.
Mimetismo pouco é bobagem!!! Donald Trump é de deixar qualquer camaleão roxo de inveja - roxo, vermelho, verde, amarelo, branco, bege, quadriculado...
Até agora, a única pareidolia que não ocorreu envolvendo Donald Trump foi ele ter sido visto e reconhecido na figura de um Presidente dos EUA.
Pããããããta que o pariu!!!