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Channel: A Marreta do Azarão
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Ligeira Crônica Solar (3)

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Férias. O que em nada altera o seu período de sono, de desligamento do mundo, de paz. Sempre teve muito poucos períodos de paz. Seja dia útil, inútil, segunda-feira, sábado ou domingo, dia santo ou profano, ele sempre dorme pouco, sempre é ejetado cedo da cama, tanto faz se se deita às 20h ou às tantas da madrugada.
Deficiência de melatonina, o hormônio que induz a sonolência e promove a transição entre a vígilia e o sono, a nossa versão neuroquímica da areia soporífera de Sandman, o nosso João Pestana? Nada disso. Nada tão bioquímico ou filosófico. A Vida, simplesmente - em toda a sua complexidade. A Vida sempre arrumou jeito de dar os olhos dele - fatigados e natimortos - à luz, pari-los à ainda quase luz da manhã, luz de abajur de peixe abissal. A Vida sempre arrumou maneira de pôr pulgas e percevejos no sono dele (e, às vezes, até o Gilliard); por zombaria, escárnio, ou sádica diversão, ou meramente por falta do que fazer da vida.
Férias. Ele se põe de pronto antes do cocoricó do rádio relógio, antes que qualquer outro da casa. 
Infunde e coa o café - arqui-inimigo de Morpheus -, acorda a esposa, abre a porta entre a sacada e a sala, acorda e alimenta os gatos, prepara o leite achocolatado, acorda o filho. Esposa sai para o trabalho, leva consigo o filho, reiniciaram-se as atividades da escolinha.
Férias. Fica sozinho. Sozinho, mas não ainda em férias, em ócio. Que, para ele, férias é ócio, é inatividade, é lagartear. Vai ao mercado, à quitanda, à padaria, ao banco, limpa a casa, apronta a comida do dia, cumpre rapidamente - não obstante, com muita eficiência - com os rituais da Vida, reza, niilista dissimulado, a cartilha da Vida, presta suas reverências à Ela, seus salamaleques, presta-Lhe seu tributo, sua submissão, infla o ego da Vida, para que Ela, ao menos nas férias, dê-lhe momentos para viver. Terá duas ou três horas.
Senta-se à sacada, liga o toca-CDs à extensão, escolhe aleatoriamente, feito um periquito de realejo, um CD (todos piratas) de sua coleção de quase duzentos, acondicionados em uma caixa de tênis, pega das palavras cruzadas, coloca a contragosto os óculos, usa-os há dois anos, o viagra para suas vistas broxas, e se põe a relaxar.
Falta algo. Decide, então, adiar a execução, marcada para as 21h do dia, das quatro latas de cerveja a aguardar no corredor da morte do congelador. Escuta Sérgio Sampaio, completa uma Cruzada, entorna uma lata; Ângela Ro Ro, um Duplex, e mais meia lata; Alcione, acende um incenso de canela, uma Sem Diagonal, mata a lata.
Observa a rua dez metros abaixo, o mundo não em férias. Carros passam em profusão. Passam mais carros que gente. Mais carros que pássaros, que cachorros, que ratos, que Testemunhas de Jeová. E quando, eventualmente, passa uma gente, nem é gente, é organismo a carregar telefones celulares, smartphones, i-pads, i-pods, a hipnotizá-los os olhos, a abafarem-lhes os ouvidos, a vibrar-lhes no cu. E quando passa gente, nem é mais gente, são vetores da praga tecnológica, arautos da Matrix, são Aedes Aegyptis a transportar a dengue, barbeiros a fazer carreto para o Trypanossoma, porcos choferes de praça para a tênia. E quando passa gente,  nem é mais gente, são eletrodomésticos, utilitários.
Escuta Arnaldo Brandão, gabarita um Diretão, deslacra mais uma lata; Capital Inicial, Sudoku, tiro de misericórdia na terceira lata. Vontade de mijar,  urgência, em verdade; que nada na vida é vontade, sim urgências. Deságua no vaso de boldo. Nitrogênio. Nutriente. Que lhe retornará em forma de chá ou macerado, quando seu fiel fígado, em dias de preguiça (ou de férias) resolver não dar conta do batente.
Escuta Adoniran, uma Silábica, abre a quarta e última lata; Raul Seixas (óbvio), uma Temática, e fim da última lata, e nem é meio-dia. Mune-se, então, de generosa e quase pornográfica dose de whisky, sem gelo, paraguaio legítimo fraternalmente presenteado por velho e fiel amigo. Ergue o copo contra o Sol, a maremotear o oceano primordial âmbar que é seu conteúdo, confronta o Sol, ergue um brinde à Via-láctea, às nebulosas, aos buracos negros, ao Big Bang. Emborca tudo de um só gole.
Vai para a cama - ainda desarrumada (ou arrumada ao sono) -, a janela do quarto que não foi aberta, o ar que não foi trocado, o colchão sabendo a roncos, a apnéias, a sonhos e pesadelos, a ereções involuntárias e desperdiçadas. Deita-se. Dormir. Nem que sejam uma ou pouco mais horas. Deita-se. E, lógico, não adormece.

Danilo Gentili Manda Dilma Rousseff ir se Fuder

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Ofensa lesa-pátria, faz-se urgente uma CPI do twitter : Danilo Gentili manda a "presidenta" Dilma ir se foder, no twitter. A mensagem carinhosa do humorista foi a reação a uma mensagem de Dilma Rousseff postada no microblog : "O nosso povo votou em nós porque acredita em nossa capacidade e em nossa honestidade de propósitos".
E as falsas indignações começam a pulular na mídia comprada e cooptada : imperdoável desrespeito à máxima autoridade de uma nação soberana, disse um; passou de todos os limites da agressividade, escreveu outro.
Primeiro, Danilo Gentili só verbalizou o desejo de pelo menos metade da população brasileira, Danilo Gentili foi só o avatar dos 50 e tantos milhões de eleitores contrários à Dilma e ao PT, Danilo Gentili foi só o mensageiro. E, em tempos de guerra, o mensageiro não pode ser morto por conta do teor da mensagem; em tempos de guerra, o mensageiro tem passe livre pelos minados campos de batalha.
Segundo, por que desrespeito e agressividade, mandar Dilma ir se foder? Se alguém manda eu me foder, penso : me foder? Foder a mim mesmo? self-fuck (mas sem o pau de selfie, por favor)? E por que não? Vou e toco uma punhetinha, fodo a mim mesmo. No caso de Dilma Rousseff, uma siririca presidencial bem tocada resolveria toda a celeuma.
Mandar Dilma ir se foder, desrespeito e agressividade? Desrespeito e agressividade foram as mentiradas flagrantes da campanha eleitoral da Dilma, desrespeito e agressividade (até beligerância) é mexer nos direitos trabalhistas, que nem são "aquela coisa toda" no Brasil, uma vez que nossas leis trabalhistas - a maioria delas, ao menos - datam da época de Getúlio Vargas, um ditador - sim, Dilma quer arrochar os direitos trabalhistas mais do que um ditador assumido e declarado arrochou.
Desrespeito e agressividade é construir um estádio de futebol de 1 bilhão de reais com dinheiro público e dá-lo de presente ao time do coração do ex-presidente Lula, desrespeito e agressividade é trazer médicos cubanos, que nem são médicos porra nenhuma, muito mal enfermeiros licenciados, e pagar 10 mil reais por cabeça ao Tio Fidel, desrespeito e agressividade é uma democracia ajudar no financiamento da ditadura cubana. Desrespeito e agressividade é o mensalão, é o petrolão, e sabe-se lá mais quantos "ãos" ainda virão (que, no Brasil, corrupção não se faz discreta e modesta, e sim sempre no aumentativo), quantos ainda estão escondidos, quantos em andamento?
"Vai se fude!", disse Danilo Gentili. Talvez, haja vista à constante cara de azedume da presidenta, seja disso que Dilma Rousseff esteja a precisar um bocadinho. Relaxar e gozar, com também lhe recomendaria sua ex-partidária Marta Suplicy.

Prêmio Nobel, por Zé do Blogson

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Descobri recentemente - na verdade, foi ele quem me descobriu - o blog Blogson Crusoe, de autoria de um declarado misantropo do qual só sei que se chama Zé, de Belo Horizonte.
No blog, o Zé registra lá seus pensamentos, suas elocubrações, seus insights, as suas sacadas, tudo em textos curtos, leves, claros, concisos, agradáveis de se ler, escritos em bom e correto português (coisa rara na net) e sempre muito inteligentes e espirituosos.
Mas não é que o Zé (nem sei se ele percebeu isso) está a se tornar um bom marretador? Em sua última postagem, Prêmio Nobel, ele marreta, (ainda) com marreta de pelica, a precariedade da educação pública. Eu, que sou do meio, não tenho única ressalva a fazer a seu texto, concordo com tudo e assino embaixo.
Parabéns pelo texto, pela clara visão da realidade.
Em tempo, Zé : fiquei comovido (e não estou zoando, não, gosto pra caralho do que você escreve) com sua ingenuidade ao perguntar ao seu filho se ele tinha visto limite e derivada no colégio. Limite, Zé, é algo com o qual o hediondo e mal-intencionado Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA (somos ou não somos o país da piada pronta?) acabou. Não há mais limites para os adolescentes nas escolas, nem limites comportamentais nem limites morais, e querias os limites da bela matemática? Derivadas, Zé? Essa molecada de hoje não conhece nem as "derivadas" do leite. Se te arriscasses, então, a perguntar pelas integrais (eu cheguei a ver integrais no colégio), verias que eles não suspeitam sequer da existência do arroz integral. 
São os novos tempos, Zé? Sim, são. É a modernidade? Sim, é. São os novos rumos do pensamento? Sim, são. Mas não significa que sejam bons. Não são. E muito menos significa que tenhamos que gostar deles. Não gostamos, Zé.

PRÊMIO NOBEL
Tudo começou por termos ido a um aniversário em um reduto petista, ou melhor, de eleitores da Dilma. Papo vai, papo vem, a certa altura, sem que eu me desse conta, estava envolvido em uma conversa sobre a qualidade do ensino praticado hoje em escolas públicas. Entre outras coisas, comentei que, tempos atrás, tive a sensação de que meus filhos estavam aprisionados pela escola (pública) em que estudavam, pois percebi que a perspectiva de vê-los passar no vestibular era muito pequena, tão baixa era a qualidade da educação por eles recebida. Esse colégio era literalmente (ou quase isso) uma zona! E eu não tinha dinheiro pra colocá-los em escola particular.

Contei também de meu diálogo com o diretor a respeito do “ensino plural”, maluquice ali adotada, que não reprovava ninguém. Esse diretor ficou sorrindo meio constrangido quando lhe disse que o colégio que dirigia estava em total sintonia com as conquistas proporcionadas pela evolução da informática e que era um exemplo de aplicação da realidade virtual. E antes que ele me perguntasse por que, expliquei que em seu colégio estava implantado o ensino virtual, pois os professores fingiam que ensinavam, os alunos fingiam que aprendiam e os pais fingiam que acreditavam nessa merda.

Contei de minha infância mega pobre e de como tinha conseguido o que temos hoje (que não é muito) graças a um ensino de alta qualidade que existiu em algumas escolas públicas, estando a minha nesse grupo. Comentei sobre a necessidade de meter a cara nos estudos para conseguir ter alguma coisa na vida.

Estava nessa “doutrinação” do bem, quando um adolescente que escutava nossa conversa, comentou que seu professor de filosofia teria colocado a seguinte questão para a classe: o que é mais importante, ter ou ser? Não vou reproduzir o que pensei que diria a esse professor se o encontrasse, porque este é um blog que se dá ao respeito. Mas fiquei surpreso, pois não sabia que hoje se ensina filosofia no segundo grau!

Aqui cabe uma pergunta: e matemática, português, biologia, história ainda são matérias da grade de ensino?  A propósito disso, perguntei uma vez a meu filho mais novo (que fez o primeiro e segundo graus só em escola pública) se ele tinha estudado limite e derivada no colégio. A resposta foi que nunca ouviu falar disso.

Pois bem, no dia seguinte a essa conversa desanimadora, comecei a pensar o que leva um país como este nosso a nunca ter ganho um prêmio Nobel em todo o período de existência dessa premiação. E aí mergulhei no site www.nobelprize.org para ver se achava alguma pista.

Descobri, por exemplo, que entre 1901 e 2014 os prêmios Nobel e de Ciências Econômicas foram concedidos 567 vezes para 889 pessoas e organizações. A curiosidade é que o prêmio de Economia, criado em 1968, não é considerado um Nobel legítimo, pois não faz parte da lista de premiações imaginadas por Alfred Nobel.

Para um portador de TOC como eu, as listas dos ganhadores são um verdadeiro filé. É claro que não vou transcrevê-las, mas essas informações me deixaram matutando. E como sou o rei da teoria “miojo” (aquela que fica pronta em três minutos...), resolvi registrar esses pensamentos, verdadeiros papo cabeça. Vamos lá.

É óbvio que ninguém ganha o Nobel sem merecê-lo, mas eu dividiria essa premiação em três tipos que, à falta de palavras mais adequadas, chamarei de prêmios “Solitário”, “Solidário” e “Coletivo”.

Vamos começar pelo Nobel de Literatura. Em 114 anos de premiação, só em quatro deles o prêmio foi dividido entre dois autores. Curiosamente, em sete anos não houve premiação. Quatro desses anos, sintomaticamente, correspondem à pauleira da Segunda Guerra.

Outra curiosidade é que dos 111 laureados, 77 são de países da Europa (só a França tem onze). Isso me parece coerente com a cultura humanista que imagino ser valorizada naquele continente.

Para ganhar esse prêmio, o autor depende única e exclusivamente de sua  criatividade e inspiração. Por isso eu o imaginei como prêmio solitário, pois não há relação direta entre ele e o estágio de desenvolvimento do país  escolhido. Se não fosse assim, não haveria autores de Madagascar ou da Ilha de Guadalupe, por exemplo. O que entristece é saber que dos quatro premiados na América do Sul, nenhum é do Brasil.

O que chamei de prêmio “solidário” é, lógico, o da Paz. Certamente esse prêmio está muito relacionado à questão dos conflitos armados em áreas conflagradas por rebeliões, guerras e congêneres ou ao devotamento de alguns a causas humanitárias. Já foram concedidas 103 premiações. Pelo menos dezessete delas foram dadas a líderes políticos (Obama, Mandela, Arafat, etc.).

Os prêmios Nobel que eu chamei de “Coletivos” são os restantes: Física, Química, Medicina e o prêmio de Ciências Econômicas. Agora é que vem a viagem na maionese: todos os ganhadores são top de linha quando se avalia o mérito de cada um, pois só há expoente em suas categorias, só feras. Então, porque essa bobagem de Coletivo?

Porque, para mim, os cientistas e pesquisadores que são contemplados precisam de um ambiente que favoreça e seja receptivo às pesquisas que realizam. Não basta apenas ser mega inteligente, pois recursos financeiros, instalações adequadas, equipamentos de ponta são fundamentais. E, acima de tudo, mesmo que não mensurável, também uma sociedade que valoriza o conhecimento, o mérito e o ensino de alta qualidade.

Resumindo: a menos que um gênio nascido aqui trabalhe e pesquise em um dos centros de excelência tecnológica existentes na Europa ou nos EUA, essa premiação continuará a ser por um bom tempo muita areia para o caminhãozinho brasileiro.

Então, voltando ao tal professor de filosofia, se ele quisesse um Nobel, só poderia tentar o da Paz ou o de Literatura. Porque o que faz o mundo avançar (para o bem e para o mal) é o conhecimento técnico de ponta e sua aplicação posterior ao dia a dia. Filósofos, sociólogos e outros profissionais da área de humanas podem explicar e interpretar o impacto das novas conquistas tecnológicas, mas nunca contribuirão diretamente para aumentar a produção de alimentos, por exemplo.

Para finalizar, mais alguns tira-gostos (ou curiosidades):
- Em 1972, Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, chegou a ser indicado para o Nobel da Paz, mas, por considerá-lo comunista, o governo Medici fez campanha na Europa para que essa indicação não vingasse.

- Os Estados Unidos são o país que tem o maior número de premiados – 256 prêmios Nobel. Desses, 89% são pesquisadores. O segundo colocado é a Alemanha.

- Nasceu no Brasil um dos dois cientistas que ganharam o premio de Medicina em 1960. Infelizmente, para nós,  nasceu, pois é inglês da gema (Ainda não foi desta vez!).

Dia Nacional do Visconde de Sabugosa (Ou : Bem Sabemos no Cu de Quem o Sabugo Vai Entrar)

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Dilma Rousseff, finalmente, resolveu meter mãos à massa, mostrar a que veio em seu segundo mandato, pôr ordem na casa, acabar com a bandalheira, tirar o país do buraco, mais profundo que o pré-sal, em que o PT o colocou.
Há dois dias, 28/01, Dilma Rousseff assinou a aprovação de quatro projetos de lei, quatro novas e importantíssimas medidas adotadas pela nova gestão de seu governo
Nas duas primeiras canetadas, Dilma assinou os textos das leis que instituem o Dia Nacional da Parteira Tradicional e o Dia Nacional da Vigilância Sanitária. Nas duas outras, as mais importantes, Dilma aprovou duas propostas de sua nova ministra da agricultura, Kátia Abreu. Financiamento para os pequenos e médios produtores? Subsídios para os insumos e maquinários agrícolas? Seguro contra as intempéries do tempo a que estão sujeitos os homens do campo, secas, alagações, geadas? Nada disso. Nada dessas misérias e pequenezas. Dilma aprovou os projetos de lei de Kátia Abreu e instituiu o Dia Nacional do Técnico Agrícola e, até chorei de emoção, o Dia Nacional do Milho!
O artigo 10 do projeto de lei diz : O Dia Nacional do Milho, destinado a estimular e a orientar a cultura do milho, será comemorado anualmente, em todo o território nacional, na data de 24 de maio. 
Agora, acabou. Ficou resolvido o problema da produtividade agrícola brasileira! Com tal homenagem, o milho, com certeza, sensibilizar-se-á e empenhar-se-á em ser mais produtivo, mesmo sem água, fertilizantes, pesticidas ou controle biológico, adequados armazenamento e distribuição; quiçá até mesmo sem ser plantado.
É o Dia Nacional do Visconde de Sabugosa! É a festa da pamonha!
E o sabugo, claro, todos sabemos no cu de quem vai entrar! Com palha e tudo!
Vejam só o tamanho e a bitola do que ainda nos vêm por ai!

E antes que outros gêneros de primeira necessidade comecem a se organizar em ONGs, a se mobilizar em passeatas, marchas etc, a reclamar do favorecimento ao milho, da discriminação e preconceito para com os outros víveres da cesta básica, informo-os da existência de outras importantíssimas datas comemorativas para a comunidade alimentícia.
Acalmem seus ânimos, arroz e feijão nossos de cada dia; serene sua beligerância, macarrão nosso dos domingões em família, vocês também, e mesmo anteriormente ao milho, já foram contemplados, homenageados em publicação do Diário Oficial :
16 de outubro - Semana Nacional do Feijão e Arroz
A data foi proposta e instituida para ser comemorada durante a Semana Mundial da Alimentação, na qual "serão desenvolvidas, prioritariamente, por instituições públicas e privadas, ações de conscientização, sob forma de audiências públicas, sobre a importância desses dois produtos na alimentação humana".
25 de outubro - Dia do Macarrão
Criado pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), em 2014, a proposta foi sancionada sob justificativa de firmar um "compromisso de responsabilidade das empresas do setor para divulgar amplamente a importância do macarrão na cadeia alimentar”. 
Sobre o dia do macarrão, uma observação, a importância do macarrão na cadeia alimentar? Cadeia alimentar, por definição, é uma sequência interligada de seres vivos na qual um se alimenta do outro, sucessivamente. O macarrão foi promovido, por nossos doutos parlamentares, à condição de ser vivo. Pãããta que o pariu.
Convenhamos e pensemos a respeito da parte que nos cabe desse latifúndio de culpas e responsabilidades : com tanta boa vontade política, por que é que o Brasil não vai pra frente?

Todo Castigo Pra Corno é Pouco (11)

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Fevereiro, mês a partir do qual o ano efetivamente se inicia. Fevereiro, o mês do carnaval. 
Carnaval é bebedeira, é libertinagem, é putaria, é fuleiragem da boa e, consequentemente, como não podia deixar de ser, de muita cornagem. E da maior festa popular do país, o seu corno mais clássico : o Pierrô.
O Pierrô é o eterno corno. O padroeiro dos mansos! É o corno que leva a mulher para festa já sabendo que vai ser corno. O Pierrô entrega a biscate da Colombina de mão beijada para o ricardão Arlequim. O Arlequim não tem nem o trabalho de buscar a Colombina em casa, pagar a entrada do baile, nada disso. O Pierrô entrega-a prontinha, cheirosinha, de banho tomado, xavasca depilada, levemente embriagada, depenada e desossada, pronta para consumo e deleite.
O Pierrô é corno de tamanho importância que faz parte do calendário oficial das festividades do país. Primeiro, vem o Pierrô, depois, o coelhinho da Páscoa, os santos das festas juninas, a nossa senhora, o papai noel e o corno de novo, ad infinitum.
Embora seja personagem oriundo da comédia italiana de costumes, o Pierrô muito bem se adaptou por aqui, foi muito bem acolhido pelos foliões brasileiros; em parte, acredito, pela nossa forte descendência carcamana (sobretudo no estado de São Paulo), em parte, e principalmente, porque não é só o italiano que è tutto corno. O Pierrô é o estrangeiro que veio a passeio, jogou o passaporte fora e fixou residência. O Pierrô é o corno naturalizado. Pierrô é corno para quem o Brasil deu asilo político. O Pierrô é o corno que é patrimônio cultural e imaterial do país! 
Abaixo, a clássica marchinha carnavalesca.
Pierrô Apaixonado
(Noel Rosa/Heitor dos Prazeres)
Um Pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma Colombina
Acabou chorando, acabou chorando


Um Pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma Colombina
Acabou chorando, acabou chorando


A Colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim
Dizendo: "Pierrô, cacete!
Vai tomar sorvete com o Arlequim!"


Um Pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma Colombina
Acabou chorando, acabou chorando


Um Pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma Colombina
Acabou chorando, acabou chorando


Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o Pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim
O Pierrô - de joelhos, corno choroso -, a biscate da Colombina e o ricardão Arlequim, reparem, já passando a mão na bunda dela.

Exame de Próstata do Gaúcho (Ou : o Dedo Bandido)

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A prosseguir com minha sacrossanta e incansável cruzada pela divulgação do bom folclore brasileiro, em contraposição aos raloins da vida, trago-vos hoje uma pérola da lírica regional do rio grande do sul, uma poesia das mais representativas acerca da alma calejada - não obstante, sensível - do homem dos Pampas.
Sim, porque folclore não é só o Saci, a Cuca, a Mula-sem-cabeça e outras lendas, explicações de cunho mágico e fantástico para os mistérios do mundo que nos rodeia; folclore é também a música tradicional de um povo, suas danças, suas vestimentas e cozinhas típicas, artesanato, jogos e brincadeiras, produção literária etc, ou seja, é o conjunto dos costumes e tradições de um povo, ou de uma região.
O poema a seguir, de autoria do poeta tradicionalista gaúcho Mano de Lima, de São Pedro do Sul (RS), é a quintessência do gaudério, do centauro dos pampas, a mais perfeita tradução do gaúcho macho, esse ser também folclórico e lendário.
Exame de Próstata (o dedo bandido)
(Mano de Lima)
Andava mijando errado
Com as urina em atraso
Era uma gota no vaso
Três ou quatro na lajota
Quando não era nas bota
Na bombacha ou nos carpim
Eu mesmo, mijando em mim
Que tamanha porcaria
E o meu tico parecia
Uma mangueira de jardim

O pensamento mandava
O pau não obedecia
Quando a bexiga se enchia
Eu mijava à prestação
Pro banheiro, em procissão
Uma ida atrás da ôtra
Numa mijada marota
Contrastando com meu zelo
Pra beber, era um camelo
E pra mijar, um conta-gota

Depois de passar um bom tempo
Convivendo com esse horror
Me fui atrás de um doutor
Que atendesse meu pedido
Me desse algum comprimido
Pra mim empurrar goela abaixo
Tenho certeza, não acho,
Que bem antes que eu prossiga
É importante que eu diga
Que não deixei de ser macho

Mas buenas, voltando ao causo
Que é natural que eu reclame
Depois de um monte de exame
De urina e ecografia
E até fotografia
Da minha arma de trepá
 
Me obrigaro desaguá
Ajoelhado num pinico
E me enfiaro um troço no tico
Que me dói só de lembrá
Ainda dei o meu sangue
Pros vampiro diplomado
Pensei que tinha acabado
Só me faltava a receita
já tinha uma idéia feita
Me trato e adeus, doutor
Recupero o mijador
Nem sonhava em concluir
Que alguém iria invadir
Meu buraco cagador
 
Fiquei bem contrariado
Tomei um baita dum choque
Quando me falaram em toque
Achei bem desagradável
Pra um macho é coisa impensável
Um dedão campeando vaga
No lugar que a gente caga
Vejam só o meu dilema :
O pau é que dá problema
E o meu cú é que paga

Tentei todos argumentos
Me esquivei o quanto pude
Mas se é pra o bem da saúde
Não deve me fazer mal
Expor assim meu anal
Fazer papel de mulher
Nem tudo que a gente quer
Tá de acordo com os planos
Fui derrubando meus panos
E se salve quem puder
 
De cotovelo na mesa
A bunda véia empinada
No cú não passava nada
Nem piscava de apertado
Mas era um dedo treinado
Acostumado na bosta
E eu, que nunca dei as costa
Pra desaforo de macho,
Pensava, de pinto baixo,
O pior é se a gente gosta

Pra mim foi mais que um estupro
Aquilo me entrou ardendo
E então eu fiquei sabendo
Como  se caga pra dentro
Aquele dedo nojento
Me atolando sem piedade
Me judiou barbaridade
Que alívio quando saiu
Garanto pra quem não viu
Que não vou sentir saudade
Enfiei a roupa ligeiro
Com vergonha e desconfiado
Vai que o doutor abusado
Sem pena das minhas prega
Chamasse um outro colega
Pra uma segunda opinião
Apertei o cinturão
Fiz uma cara de brabo
Dois mexendo no meu rabo
Aí seria diversão

Depois daquela tragédia
Que pior pra mim não tem
Não comentei com ninguém
Pra evitar o falatório
Se alguém fala em consultório
Me bate um pouco de medo
Não faço nenhum segredo
Dessa macheza que eu trago
Mas cada vez que eu cago
Me lembro daquele dedo

Aniversário do Marreta do Azarão

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Seis anos de Marreta dura! E sem viagra!

FHC, Lula e o Açucareiro

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O instantâneo abaixo registra uma cena que seria das mais triviais e corriqueiras, dois amigos num momento de folga, num intervalo da faina diária a tomar seus cafezinhos e a jogar conversa fora; quem sabe a reclamar do técnico de seus times de futebol, a dizer mal da sogra, a praguejar contra o patrão explorador etc.
Uma cena que seria das mais triviais. Se os tais "amigos" não fossem Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, dois de nossos ex-presidentes e declarados e ferrenhos opositores.
O que figadais inimigos estarão a fazer em momento tão prosaico, em tão terna e meiga trégua, que conversas ou propósitos acompanharão seus cafezinhos com açúcar e com afeto? De que estarão a tratar nesse retrato em branco e preto a maltratar meu coração? A falar mal das sogras e dos respectivos clubes, pode até ser; mas do patrão?  FHC aposentou-se aos 38 anos de idade, Lula, aos 42; ambos com polpudíssimas aposentadorias.
Estarão a combater o bom combate ideológico, a afiar as arestas de suas rivalidades? Estarão a discutir suas diferenças partidárias e a buscar um meio-termo para uma nação mais justa e igualitária?
Frente a tão idílica cena, não pude deixar de me lembrar de um antigo quadro humorístico, o do Paulo Silvino e o açucareiro. No esquete, Paulo Silvino e um amigo sempre se sentavam a uma mesa de um bar para tomarem um cafezinho e conversarem sobre as notícias e atualidades da semana, porém, os açucareiros dados a eles estavam invariavelmente entupidos. Não eram açucareiros como o da foto, desses de pegar o açúcar com a colherinha, sim daqueles açucareiros altos, compridos, de vidro e com um bico dosador, os quais bastam se inclinar e despejar a quantidade desejada de açúcar.
Silvino e o amigo iam conversando e tentando adoçar seus respectivos cafés, agitando levemente os açucareiros na tentativa de que saísse algum açúcar dali, a conversa ia ficando mais enfática, os amigos iam se inflamando com os descalabros praticados contra a nação e sacudindo cada vez mais forte o açucareiro, até que, no auge da indignação, Silvino segurava o açucareiro de ponta cabeça com uma das mãos e batia com a palma da outra mão contra o fundo dele, forte e repetidamente, numa claríssima alusão ao conhecido gesto do "top top", o famoso "vai se fuder".
A exemplo, eles iam falando da economia e tentando adoçar o café, iam se enfurecendo com as medidas econômicas adotadas pelo governo e agitavam com mais vigor seus açucareiros, então, Silvino falava algo do tipo: se a inflação não abaixar, se o desemprego não diminuir, o povo vai se...(e aí batia contra o fundo do açucareiro, com força e vontade)... dar mal, continuar levando na cabeça. Ou, sobre futebol, falava, se o técnico não convocar fulano e sicrano, se não mexer no esquema tático, a seleção vai (e mais porrada no fundo do açucareiro) tomar de goleada, vai ser desclassificada.
Pois me parece que é justamente isso que Lula e FHC estão fazer na foto. Que briga ideológica, que nada! Que, no Brasil, política não se faz com ideologias e sólidas plataformas de governo, sim com conveniências e conchavos. Que discussão partidária, que nada! Que esses dois nada tem de inimigos. São apenas antagonistas profissionais, só até o desligar das câmaras e dos microfones, até o apagar das luzes dos estúdios.
Depois, saem para confraternizar, e, como todo homem, contar vantagens num balcão de bar. Devem ficar comparando seus feitos, disputando quem tomou essa ou aquela medida que mais ferrou com o Brasil e com o brasileiro, quem mais embolsou com licitações, privatizações, negociatas e falcatruas. E como devem se divertir! Como devem gargalhar!
Enfim, dois amigos, dois compadres a adoçar seus cafés e a  fazer a mímica do açucareiro pro povão!
Paulo Silvino, o povo, ó, só na tarraqueta!!!

Sthephen Fry Diz Que Deus é Monstruoso, Egoísta e Maníaco

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O ator britânico Sthephen Fry é ateu, dos legítimos, dos das antigas, assumidíssimo. E quando alguém se assume publicamente como ateu, os dependentes da fé, os viciados em deus - a droga alucinógena mais poderosa de todas; LSD, louvado seja deus -, não lhe dão sossego, não perdem a chance de espezinhar o ateu, de querer empurrar deus goela herege abaixo, de cutucar o ateu com a vara do pensamento curto.
Em um programa televisivo irlandês, o entrevistador, provavelmente um católico mal-intencionado a querer colocar o ator numa saia justa, perguntou a Fry o que ele diria a deus caso fosse colocado diante Dele.
Fry, como bom ateu, não se intimidou, não pôs papas à língua, não tentou ser polido nem politicamente correto, e, com toda a fleuma britânica que lhe é peculiar, abriu o verbo, e o verbo de Fry se fez em pura marreta. Visivelmente inflamado pela pergunta idiota que o levava a fazer uma suposição mais idiota ainda, a de que deus existe, disse que, se Deus existisse, diria a Ele que é “monstruoso”, “egoísta” e “maníaco”. 
Falaria também: “Como você se atreve a criar um mundo em que há tanta miséria que não é nossa culpa? Não está certo. Você é absolutamente mal. Por que eu deveria respeitar um Deus caprichoso e estúpido que cria um mundo tão cheio de injustiça e dor? Câncer ósseo em crianças? Por que você está fazendo isso? Sim, o mundo é esplêndido, mas também tem insetos que se introduzem nos olhos das crianças, tornando-as cegas. Elas comem os olhos de dentro para fora. Por quê? Por que você fez isso com a gente? Você poderia facilmente ter feito uma criação em que isso não existe”. E ainda temos de passar a nossa vida de joelhos agradecendo-lhe?! Que tipo de Deus faria isso?"
É o famoso Paradoxo de Epicuro, um trilema : 1) enquanto onisciente e onipotente, deus tem conhecimento de todo o mal e poder para acabar com ele. Mas não o faz. Então não é onibenevolente; 2) enquanto onipotente e onibenevolente, então tem poder para extinguir o mal e quer fazê-lo, pois é bom. Mas não o faz, pois não sabe o quanto mal existe e onde o mal está. Então ele não é onisciente; 3) enquanto onisciente e onibenevolente, então sabe de todo o mal que existe e quer mudá-lo. Mas não o faz, pois não é capaz. Então ele não é onipotente.
Sou ateu, também das antigas, não desses neoateusinhos de merda, discípulos de Richard Dawkins, uma molecada que resolveu rejeitar deus (o que é muito diferente de não crer), ficar de mal do todo-poderoso porque Ele não lhes dá as roupas de grife que querem, ou um novo modelo de celular, ou o namoradinho (a) que tanto amam. 
Sou ateu, de nascença, de DNA. Todavia, não concordo muito Stephen Fry. Nem com Epicuro. 
SE (um SE bem grande) deus existisse, ele não seria mau nem bom, que mau ou bom são conceitos criados pelos humanos e, portanto, só a eles aplicáveis. Para mim, esse deus judaico-cristão, supondo sua existência e que tenhamos por ele sido criados, está mais para indiferente, ou seja, tá cagando e andando pra humanidade. 
Dizer que ele pratica maldades conosco é, ainda que de uma forma torta e masoquista, considerar que ele pensa em nós, que ele gasta um tempinho de seu infinito tempo a planejar suplícios para jogar sobre nossas cabeças; é, ainda que de uma forma das mais doentes, achar que ele nos dá alguma atenção. Deus (ainda supondo que ele exista) não provoca câncer ósseo em crianças, caro Sthephen, apenas deixa o câncer se manifestar livremente, apenas pouco se Lhe dá que o câncer se alastre em quem quer que seja, aliás, nem sabe se o câncer acomete ou não os pueris ossinhos, duvido mesmo que saiba o que é um câncer. Não sabe e nem quer saber. 
O tal do livre-arbítrio já não nos dá uma boa dica desse desdém divino? O que é o livre-arbítrio se não o pai que dá a emancipação legal ao filho? O cara tá dizendo, te vira, malandro, doravante, estás por conta própria, fazes o que queres, mas não venhas mais me aporrinhar para que te livres das consequências das tuas cagadas. Ou seja, ao dar o livre-arbítrio ao ser humano, Deus disse : "Fui!"
Portanto, caro Sthepen, nem monstruoso nem maníaco nem egoísta. Nem bom nem mau.
Indiferente. Ausente. E, lógico, inexistente.
Em tempo : fica aqui uma dica, assistam ao filme Wilde, protagonizado por Fry. Fora o inquestionável talento, é impressionante a caracterização e a semelhança física de Fry com o gênio Oscar Wilde.

A Petrobrás, por Paulo Francis

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Diário da Corteé o nome da coluna semanal escrita por Paulo Francis no jornal O Estado de São Paulo durante os anos de 1975 a 1990. Era marreta pura! Artilharia pesada! Paulo Francis foi, sem a menor sombra de dúvida, o maior polemista do jornalismo brasileiro, até hoje insuperável. E também um dos maiores intelectuais que já passaram por uma redação de jornal.
De Francis, diz outro jornalista, Ricardo Setti : "O homem amável, de gestos suaves e maneiras gentis, era temporariamente exonerado entre um texto e outro. Na hora de lidar com palavras, materializava-se a entidade agressiva, de temperamento beligerante, extraordinariamente hábil no ataque frontal, na ironia desmoralizante, no humor ferino, no sarcasmo impiedoso".
Posteriormente, setenta e tantos de seus artigos para O Estadão foram reunidos e lançados em um livro, O Diário da Corte de Paulo Francis. Baixei o livro em pdf e, sempre que me sobra um tempinho, pinço aleatoriamente um de seus artigos e leio. Numa dessas randômicas escolhas, dei de cara com Francis descendo a marreta na Petrobrás. E isso em 1994, há exatos vinte anos do petrolão.
Leiam, aprendam e se regozijem com a prosa elegante, não obstante, afiada feito navalha, ou afiada feito navalha, não obstante, elegante, de Paulo Francis.
Sobre a Petrobrás, uma constatação e uma profecia de Francis :
"O mundo está inundado de petróleo barato. A Petrobrás é uma excrescência arcaica e nos custa os olhos da cara. A produção das companhias internacionais é por empregado 130 barris por dia. Nas companhias latino-americanas é de 98 barris por dia. Da Petrobrás, 33 barris por dia. Mas temo que, sem cesarismo, a Petrobrás permaneça saqueando o Brasil até a sua (nossa) ruína. Seu lobby, seus inocentes úteis, a mística que soube criar em torno de si própria (tem um departamento de relações públicas maior do que a General Motors) precisam de um antídoto elefantino." (O Estado de São Paulo, 03/04/94)

Na Boca da Noite

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Oh, Lua
De pouca gravidade
E menos ainda siso,
Tomo de assalto o teu sorriso
Com minha capadócia espada.
E se te inflamas,
Se te intumesces
Se te pões túrgida
E escorres
E te liquefazes,
Ordenho-te
Mamo-te
Esgoto-te
Deixo-te à míngua.
E minguante
Te boto no colo
Te faço cafuné
Te dou café forte
Para que te restaures
Te renoves.
E nova, 
Pouso em ti 
Outra vez.

Deixe Estar

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Eu queria deixar :
De acordar antes do despertador alarmar um novo dia;
Do excesso de café
(sorriso para o cérebro e ácido sulfúrico para minha gastrite);
A cerveja só para os fins de semana,
Para as comemorações.
Mas a vida não deixa.
Deixar a vida?
Ainda não.

Mimetismos (14)

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A flor é o órgão sexual das plantas. A florada de uma árvore é seu período de cio exuberante. Um ipê florido, a exemplo, é uma fêmea arreganhada a conclamar toda a espécie de fornicadores para fecundá-la, borboletas, vespas, abelhas, besouros, pássaros etc.
A flor é o órgão sexual das plantas. Não é à toa que o mancebo apaixonado oferta belos e portentosos buquês de rosas à sua amada. A intenção do canalha é bem clara. O cara está a lhe dar, minha cara donzela incauta, um ramalhete de órgãos sexuais. E a moça toma aquele buquê de órgãos sexuais e o abraça, leva-o junto ao peito, esfrega aqueles órgãos sexuais no rosto, aspira seu cheiro, suspira, enleva-se e extasia-se. E vai alegre mostrar para a mãe, que também se derrete toda, elogia o pretendente, é o genro que ela pediu a deus, e aproveita para criticar o marido, que há tempos não lhe manda flores - óbvio, o cara já comeu o que havia para.
A flor é o órgão sexual das plantas. As fotos abaixo não me deixam mentir. A semelhança de formas é impressionante. Já o cheiro... quanta diferença...
Tem até uma cabeludinha! E uma hermafrodita! Pãããããta que o pariu!!!!

Bukowski Manda um Olá

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Olá, como você está?
esse medo de ser o que eles são:
mortos.

pelo menos eles não estão na rua, eles
têm o cuidado de ficar dentro de casa, aqueles
malucos que se sentam sozinhos na frente de suas tvs,
suas vidas cheias de enlatados, riso mutilado.

seu bairro ideal
de carros estacionados
de pequenos gramados
de pequenas casas
as pequenas portas que abrem e fecham
quando seus parentes os visitam
durante as férias
as portas se fechando
atrás do moribundo que morre tão devagar
atrás do morto que ainda está vivo
em seu tranquilo bairro de classe média
de ruas sinuosas
de agonia
de confusão
de horror
de medo
de ignorância.

um cão parado atrás de uma cerca.

um homem silencioso na janela.

O Homem Olha a Chuva

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O homem olha a chuva.
De seu aquário seco,
De sua ilha cercada de vácuo por todos os lados,
O homem olha a chuva.

O homem olha a chuva.
Com olhos de confusão e de embaraço
De quem reconhece de pronto a um velho amigo
E esse nem faz ideia de quem ele seja,
O homem olha a chuva.
Com a prostação e a paraplegia
De um abraço que não encontra outros braços,
O homem olha a chuva.
Com as retinas saudosas de quem,
A procurar
Por meias, cuecas,
Comprovantes de votação
Ou simplesmente
A pôr novas naftalinas nas gavetas
A proteger o passado do apetite desrespeitoso das traças,
Dá de cara com foto de amante antiga,
O homem olha a chuva.

O homem olha a chuva.
À qual já serviu de superfície,
A qual já usou por cobertor e samovar.

A chuva olha o homem
Estranha não vê-lo metido e a nadar em seu útero,
Mas precipitada
Tempestuosa que é
Esquia
Enxurrada
Meio-fio abaixo
A ninar barquinhos de papel.
Esquece do homem,
Mantém-se chuva.

O homem olha a chuva.
Fere-lhe não ser mais girino
Em sua bolsa amniótica,
Mas contido, prudente
Covarde que é,
Conforma-se
Convence-se
Deserta do convés
Põe fogo em seus galeões de papel.
Abstém-se da chuva,
Desfaz-se como homem.

Viúva Negra, Comê-la ou Não Comê-la, Eis a Questão.

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No mundo dos insetos e do aracnídeos, o canibalismo pós-copulatório não é ocorrência incomum. Ao término da foda, a fêmea (essa eterna ingrata) de certas espécies, ao invés de relaxar, fumar um cigarrinho, tomar um banhozinho pra ficar cheirosa e cobrir de carinhos e agradecimentos o macho que lhe deu tanto prazer, ataca seu nobre e dedicado consorte e, sendo normalmente maior que ele, mata-o e o devora na grande maioria das vezes, raros são os afortunados don juans que conseguem se pirulitar. Matam sem dó nem remorso o macho que lhes permitiu cumprir com o sagrado desígnio da natureza, o da maternidade.
Ingratidão, ingratidão, teu nome é mulher!
O louva-a-deus é um desses casos da eterna ingratidão feminina. Sim, o louva-a-deus, aquele bichinho com ares zen, contemplativo, que parece estar sempre a meditar e a orar com sua patas postas em posição de prece. Não vou dizer que ele não esteja mesmo a rezar e a louvar a deus, a questão é : pelo que ele tanto reza, o que tanto pede a seu deus? A suculenta cabeça de um macho!
O macho vai lá, todo solícito e disposto, de pica em riste - a maior demonstração de respeito que um macho pode ter pela fêmea -, dá aquela assistência, faz um amorzinho gostoso. Mal o pau do louva-a-deus amolece, a fêmea já o imobiliza em certeiro bote, e seu alvo primário é a cabeça do macho, que ela decepa com suas patas serrilhadas e devora com prazer maior que o sexual. O macho ainda tenta brigar por sua vida, debata-se, luta valorosamente para escapar das mãos que tanto beijou - sim, amigo, a mão que afaga é a mesma que apedreja -, mas tomba em campo de batalha, morre heroicamente.
Mas, sem dúvida, a mais notória devoradora (literalmente) de homens do reino dos artrópodes é a famosíssima viúva-negra. E como toda fama que se preze, seja para o bem ou para o mal, a da viúva-negra também é injustificada. A viúva-negra não mata o macho depois da trepadinha. O macho morre, sim, é devorado por ela, sim, mas sua morte não se dá pelas mãos da fêmea, por nenhuma da oito. 
A morte do macho da viúva-negra tampouco tem de combativa e heroica, tem é de patética, eu diria. O macho não luta por sua vida contra uma oponente maior e impiedosa; ele morre por hemorragia do pau. Pããããta que o pariu!!! 
É isso mesmo. Acontece que o macho, depois de dar aquela gozadona e entupir a fêmea de esperma, retira bruscamente o pênis de dentro dela; ou melhor, tenta retirar, pois o pau do macho (chamado de bulbo) quebra no tranco e fica dentro da fêmea, ele sai eunuco, emasculado, perde grande quantidade de seu fluido vital através do ferimento, a hemolinfa, e morre.
Uma vez morto, não há porquê desperdiçar o cadáver, a fêmea o devora; que, na natureza, nada se perde e nada se cria, tudo se transforma. 
E não há quem possa orientar as novas gerações de machos jovens acerca dos perigos do amor e do sexo. Instrui-los, por exemplo, na técnica e na arte do coito interrompido : mete à vontade, meu filho, mas goza fora. O macho impúbere cresce iludido, não vendo a hora de dar sua primeira trepada, afoito para perder o cabaço. Mal sabe ele. Quem poderia lhe alertar, já era. A castração pós-coito não é conhecimento que passa de pai pra filho.
Feito a história do instrutor de pilotos kamikazes. Ele se dirige aos novos cadetes e diz : prestem atenção, que eu só vou explicar uma vez. O macho da viúva-negra só trepa uma vez.
E você, caro amigo, arriscaria sua benga em uma trepada com uma fatal viúva-negra, aventuraria-se nas entranhas de uma aranha devoradora de cobras? E se fosse a viúva-negra abaixo, a dos Vingadores, a Scarlett?
Deixo aqui uma enquete aos leitores machos do Marreta (vale para você também, ex-boiola que comenta sempre por aqui) : se fossem lhes dadas apenas duas opções, perder o pau na Viúva Negra - nessa Viúva Negra -, ou passar o resto da vida na bronha, qual você escolheria?

Construindo o Cidadão Jeca Tatu

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Chegue para um engenheiro e diga-lhe : olha, não precisa se preocupar em cumprir com o prazo da obra, amanhã, mês que vem, daqui a dois anos, não há problema, cada obra tem suas peculiaridades, o seu tempo, devemos respeitar o ritmo de cada obra. Não dê, igualmente, tanta importância em seguir à risca o projeto da planta; se a edificação sair com dois ou três andares a menos, paciência, imprevistos acontecem, coisas da vida; se algum cômodo for esquecido de sua fiação, encanamento, ou mesmo de seu teto, distrações acontecem, errar é humano, também não há grandes inconvenientes, não se exaspere por tão pouco. E deixe de rigores extremos, liberte-se de cálculos e precisões opressoras, inflexíveis, tirânicas; uma infiltração aqui, uma rachadura ali, um desmoronamento acolá, são naturais percalços, vicissitudes do ofício.
Absurdo? Sandices? Surreal?
Pois é isso, exatamente isso, apenas trocando-se pelos jargões específicios da área, que é dito cotidianamente ao professor. Não apenas dito. Imposto.
Não se preocupe em cumprir  com o conteúdo de cada série, professor. Se o aluno não aprender a ler nesse ano, aprove-o, promova-o de série, ele aprenderá no ano que vem, no outro, ou no outro, cada aluno tem seu ritmo de aprendizado e devemos observá-lo para que não hajam traumas que bloqueiem para sempre seu processo cognitivo; idem para os rudimentos de ciências e matemática. O importante é ele estar na escola, socializando-se, construindo-se como um cidadão.
(E aqui não invento tampouco exagero; eu, em inícios de carreira, inocente, puro e besta, por algumas vezes fui "advertido" quanto à minha rigidez em querer cumprir com o conteúdo, que já é o minímo do mínimo. Não imaginam quantas vezes eu ouvi da boca de coordenadores que o conteúdo não é o mais importante. O que mais é, então, em uma escola?)
E deixe de rabugices e absolutismos, caro mestre. Deixe de cobrar que o aluno chegue no horário à sua aula, que ele esteja de uniforme, que ele traga o material e que realize as opressoras tarefas que são lhe são dadas, que ele tenha comportamento adequado; a escola é a continuação da casa do aluno, professor.
(De novo, não estou a carregar nas tintas; antes pelo contrário, até as diluo, até as pinto em aquarela ao invés de em densa pasta a óleo que lhe faria mais jus).
A Lei de Diretrizes e Bases do Ensino, a LDB, garante a entrada do aluno na escola e em sala de aula de maneira incondicional : se ele entra às 7h e chega, por exemplo, às 10h na escola, a escola é obrigada a deixá-lo entrar, ainda que nenhuma justificativa ele dê para o atraso; se ele chega sem uniforme, idem; sem material didático (que é lhe fornecido gratuitamente pelo Estado), ibidem. O aluno pode chegar às 10h na escola, de chinelos havaianas, bermuda verde, camiseta laranja fosforescente, boné, sem portar um único caderno ou caneta que seja : ele vai entrar.
E o que é que tem isso, professor? Ensiná-lo a ser responsável, disciplinado, compromissado com suas obrigações, para quê? De que servirá a ele responsabilidade e disciplina? Deixe de recalques, caro educador. Cada um tem o seu tempo para amadurecer. O importante é ele se sentir acolhido pela escola, sentir-se pertencente a um lugar, o importante é a inclusão social, é trabalhar a autoestima do educando, é construi-lo como cidadão.
Química, Física, Biologia, Literatura? Ora, professor, são meros detalhes, adereços, atávicos apêndices herdados da antiga escola - elitista e excludente-, insignificantes pretextos para a escola existir em seu objetivo maior : construir o cidadão.
Direcionar os temas de sua disciplina para o vestibular, professor? Onde o senhor pensa que está, numa escola? Deixe de arcaísmos e obsoletismos, professor, desvencilhe-se dos velhos ranços. Professor, construa o cidadão (irresponsável, indisciplinado, semianalfabeto), que ele, uma vez erigido, estará apto a trilhar com sucesso o caminho que bem escolher. É a escola-cidadã! A escola-cidadã é o discurso em voga nas últimas duas décadas, já a entrar na terceira. Construa o cidadão, professor!
Um cidadão com dois ou três andares a menos que a planta original, com algum cômodo esquecido de fiação e encanamento, marejado e mofado de infiltrações, com rachaduras e inevitavelmente sujeito a desmoronamentos. Paciência, professor, não se exaspere por tão pouco, dedicado mestre; são naturais percalços, vicissitudes da vida.
Que venha, pois, o Carnaval. Que é o único título que ainda nos resta : o país do carnaval. Título demeritório, é verdade, mas ainda um título; que, ao idiota, se for dito que ele é o rei dos idiotas, ele muito se alegrará, estufará o peito de orgulho, assumirá ares de fidalgo.
Fomos também, outrora, o país do futebol. O holocausto alemão dos 7 a 1 arrancou as chuteiras da pátria de chuteiras; e descalços, do glorioso amarelo-canarinho, restou-nos apenas o amarelão nacional, o da verminose, o do Jeca Tatu.

Tem Culpa Eu?

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O estilista Sérgio K. (o qual nunca vi mais gordo) resolveu tirar partido da merda em que se encontra o país e lançou uma camiseta de sua grife com uma mensagem de apoio a Aécio Neves, ou contra Dilma Roussef.
A camiseta traz a inscrição : A culpa não é minha - Eu votei no Aécio.
Eu também votei no Aécio. Tem culpa eu?
Contudo, se Sérgio K., por um lado, veste literalmente a camisa pró-Aécio, por outro lado, quer enriquicer ilicitamente feito a máfia do PT. O estilista tem a cara de lula de cobrar noventa e nove reais por uma camiseta Hering com um silk mais ou menos.
Noventa e nove reais... É quase um japonês, ou seja, cem pau!!!

Não é Carnaval, Mas é Madrugada (13)

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Carnaval é época de euforia, de carnalidades, de novos amores. Por isso, também é tempo de traições. E Chico Buarque compôs uma das mais belas canções de perfídia de nossos carnavais. Nem é só a traição da mulher ao seu homem, é a infidelidade da cabrocha à sua escola, ao seu próprio sangue, samba, seiva. É a deslealdade da porta-bandeira que troca a avenida pela galeria, pelo camarote, provavelmente bancada por um coroa rico.
A canção Quem Te Viu, Quem Te Vêé o lamento do corno, o desabafo do mestre-sala que marcava seu samba na cadência dos passos da infiel cabrocha, que a vestia de dourado pra que o povo admirasse. 
Mas o corno não perde a pose nem a classe, mantém-se altaneiro, sustenta feito um Atlas o peso dos chifres e dá uns belos tapas com luva de pelica na vagabunda : "Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia Quem brincava de princesa acostumou na fantasia"; "Se você sentir saudade, por favor não dê na vistaBate palmas com vontade, faz de conta que é turista"
Faz de conta que é turista... É pra fazer qualquer puta chorar por onde mais lhe dói a saudade. É o Chico!
Quem Te Viu, Quem Te Vê
(Chico Buarque)
Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua


Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer


Quando o samba começava, você era a mais brilhante
E se a gente se cansava, você só seguia adiante
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado


Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer


O meu samba se marcava na cadência dos seus passos
O meu sono se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão


Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer


Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia


Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer


Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade, por favor não dê na vista
Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista


Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer

De Volta aos Velhos Carnavais

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Ausentar-me-ei por uns dias desta virtual esfera. Aproveito as brejeiras folias de Momo e parto em retiro espiritual. Muita contemplação. Muita meditação. E muita cerveja!
Não vos deixo, no entanto, desamparados. Fica a dica de carnaval do Azarão. Sobretudo para os saudosos dos velhos carnavais : O Carnaval da Brasileirinhas, com Rita Cadilac.
Mais velho que isso, impossível!
"Quanto riso, oh, quanta alegria... "
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