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Channel: A Marreta do Azarão
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Acautele-se, Velho

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A doença terminal do velho
- a sua sentença de morte -
Não é a velhice;
Sim a recidiva 
Do vírus da herpes da meninice
Alastrado nos lábios secos, na boca sem saliva
Nos genitais inúteis
Em zóster na alma.
No atestado de óbito do velho
Jamais constará como causa mortis, a decrepitude.
Não é a hipertensão
O diabetes
As veias entupidas
Ou o tombo no chão do banheiro
Que levam o velho ao ataúde;
Sim a superbactéria incubada
Insidiosa e insurgente da tardia juventude.
Não é ser ranzinza
Cinza 
A estrada do velho para a sepultura;
Sim querer retomar a rota da peraltice
Trilhar de novo pela travessura.
Não é a velhice que dá fim indigno ao velho
Não é a velhice;
Sim transformá-la na tal 3ª idade.
Aí, é fim de jogo
Aí, o velho fica bobo
Pinta os cabelos
Matricula-se na academia
Vai pro baile
Toma viagra
Confunde seu crepúsculo
Com o raiar de ensolarado dia :
Vai pro vinagre.
E se nova paixão aparece,
Retumbante
É tumba na certa para o velho.
Não é novo amor porra nenhuma, velho.
É só a Velha da Foice
Em pelego de carneiro
É só a Ossuda
Em pele e peitos de jovem mulher.
Acautele-se, velho
Acautele-se.
Que o medo é o melhor elixir da longa vida que há.

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